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ALDEIA TRADICIONAL DE GRALHAS - MONTALEGRE


Apontamento AuToCaRaVaNiStA:
A Aldeia Tradicional de Gralhas fica situada no Norte de Portugal no Município de Montalegre. Aldeia com características intactas de ruaralidade, já com alguma ocupação turística em algumas casas transformadas em 2ª habitação para férias, e também com uma unidade de hospedaria e hotelaria no antigo Seminário. Aquí pode-se encontrar com alguma facilidade a especie protegida que é o burro, e diverso gado em manobras de pastoreio pela aldeia. A água abunda por estas paragens férteis em terrenos de cultivo.

                  HISTÓRIA:

A história da freguesia de Gralhas é milenar. Segundo alguns autores, por aqui cruzaram estradas romanas, passando pelo "opidum" romano, hoje relembrado pelo lugar de Castelo Romão (castro romano). Nesta terra, aparece, com alguma frequência, cerâmica com fortes sinais de romanização. Para além desta referência arqueológica, outra merece idêntico destaque. Falamos da "villa de Caladunum". São vários os textos que a ela se referem, informando existir no local um edifício quadrangular abobadado, em pedra, muita dela reutilizada na construção da actual igreja paroquial.

Gralhas é uma terra com uma história antiga tal como a maior parte das aldeias de Barroso, muitas delas ligadas ao movimento da fundação de Portugal iniciado por D. Afonso Henriques. Em 1530, Gralhas aparece referenciada com 44 moradores o que daria uma população aproximada de 180 pessoas. Em 1538, Gralhas aparece identificada dentre as honras de Barroso: “os lugares de Honras que partem com Galiza” eram os seguintes “a Aldeia de Vilar de Perdizes, a Aldeia de Gralhas, a Aldeia de Padornelos, a Aldeia de Padroso (…) e tem cada Aldeia seu juiz de honras” .
Gralhas no tempo da Monarquia até ao ano de 1836, foi um concelho com Casa da Câmara, com Vereação, com oficiais para o governo económico, aplicação da justiça e controlo social. Era um concelho cujo território era apenas a actual freguesia, que pertencia à Casa de Bragança, tal como Montalegre, Chaves e tantas outras terras que faziam parte do Ducado de Bragança.
Fonte: http://aldeia-de-gralhas.webnode.pt/


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ALDEIA TRADICIONAL DE SANTO ANDRÉ - MONTALEGRE



Apontamento AuToCaRaVaNiStA
Santo André é uma Aldeia Tradicioanl Portuguesa pertencente ao Município de Montalegre. Atualmente é uma freguesia, mas em outros tempos conjuntamente com Solveira eram parte integrante de Vilar de Perdizes. Aldeia com as tradições ainda intactas da ruralidade e da boa vizinhança, em que todos se conhecem e ajudam.

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ALDEIA TRADICIONAL DE PADORNELOS - MONTALEGRE


Apontamento AuToCaRaVaNiStA:
Com a união de Freguesias, Padornelos junta-se com Meixedo, 1 Freguesia 2 lugares. A aldeia que visitamos foi Padornelos, uma aldeia tradicional de Montalegre onde se pode conviver com o passado não muito distante da ruralidade de levar o gado a pastar etc. Pontos de maior interesse: O forno comunitário com a sua envolvencia, a Igreja Matriz, e a capela.



BREVE HISTÓRIA:

Padornelos

É a referência lógica à terra fria barrosã, desde os tempos de Camilo, muito antes de Ferreira de Castro! Mas Padornelos goza de outras referências bem mais importantes (ou devia gozá-las)! Importa recordar que lhe foi concedido um foral autêntico, por D. Sancho I e confirmado, a 5 de Outubro de 1266, por D. Afonso III.
Foi ‘’conselho sobre si’’, isto é, gozava dos privilégios que aos grémios municipais se concediam: “Os homens de Padornelos devem meter juíz e serviçal e mordomo e clérigo” E assim, por este documento que substituía o de Sancho I, se conferia existência jurídica ao rudimentar concelho, com magistraturas próprias.
Dessas glórias antigas (foi depois uma das honras fronteiriças de Barroso) sobeja ainda o facto de ter direito a capitão residente para poder arregimentar homens, dos 18 aos 60, para a defesa nacional, sempre que Portugal fosse acossado.
Fonte: www.cm-montalegre.pt


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PÁSCOA 2014 - VILAR DE PERDIZES - MONTALEGRE


Apontamento AuToCaRaVaNiStA:
Visita às aldeias de Montalegre, com principal incidência em Vilar de Perdizes para a habitual celebração Pascal da representação do Grupo AuToCaRaVaNiStA Português, que se fez deslocar em autocaravana já no final da tarde de Sábado, para preparar esta celebração Pascal.
Para variar, já que no ano 2013 a celebração foi feita pelo Sr.Padre de Terras de Bouro, este ano coube-nos em sorte o mais conhecido padre Português, o Padre Fontes.


Tive também o privilégio de transportar em autocaravana o Sr. Padre Fontes que tinha agendada uma entrevista ao jornal o Expresso no restaurante o Cabaço em Vilar de Perdizes, e à qual muita honra me deu ter ao meu lado tão ilustre personagem da igreja. Antes tinha-mos sido simpaticamente recebidos pelo Sr. Padre em sua casa, que muito amavelmente nos abriu e nos mostrou os seus aposentos bem como muita das histórias documentais que tem no seu espolio pessoal. De referenciar que em Montalegre no edifício do Turismo, junto ao castelo, existe um espaço museu da autoria do Padre Fontes, que explica ao turista todas as atrações do concelho, bem como toda a informação necessária para uma visita profunda. Um agradecimento especial para o Sr. Padre Fontes deste Portal bem como do Grupo AuToCaRaVaNiStA. Bem haja.

HISTÓRIA:
BIOGRAFIA DO PADRE FONTES:

DAS ERVAS À BRUXARIA

Uma escola aberta a toda a mentira e a toda a verdade
Vendem-se quilos e quilos de chás para todos os males,
pomadas milagrosas e mezinhas que tudo curam. Por cinco Euros e em cinco minutos promete-se acabar com o seu sofrimento. Acredite quem quiser...
Vilar de Perdizes fica lá bem no cimo do nosso país, paredes meias com a Galiza, região do Barroso no sopé da Serra do Larouco e assim como Tourém, Meixedo, Gralhas e outras aldeias, do concelho de Montalegre também é Portugal. Graças aos Congressos de Medicina Popular, Vilar de Perdizes uma freguesia de 400 fogos e 500 habitantes, saiu do anonimato, tem honras televisivas, nas nossas televisões e nas espanholas e, é notícia em muito jornal e revista.
Uma vez por ano, e já lá vão 16 edições, esta aldeia, durante três dias recebe milhares de visitantes, médicos, naturistas, osteropatas, bruxos e adivinhos, ilusionistas e especialistas em curas espirituais, especialistas em terapias de vidas passadas, endireitas, cartomantes, ervanários.
Durante estes três dias, vendem-se quilos e
quilos de chás para todo o mal, pomadas milagrosas, recebem-se massagens, e ouvem-se as palestras num misto de especialistas de medicinas alternativas, juntamente com especialistas de doenças da mente e do espírito.
Vilar de Perdizes é o local por excelência onde tudo é permitido e que segundo o Padre António Fontes um dos dinamizadores do evento, este Congresso é \" uma escola aberta a toda a mentira e a toda a verdade\".
Falar de Vilar de Perdizes obrigatoriamente é falar deste padre, homem por vezes controverso, um defensor acérrimo desta região, que ele tanto ama. E para falar do Padre Fontes temos que recuar um pouco no tempo.


O Padre António Fontes, nasceu em Cambezes do Rio, uma aldeia do Barroso, próxima do Rio Cávado, em 22 de Fevereiro de 1940, seu pai esteve emigrado na América, no longínquo ano de 1927, e teve doze filhos. Ingressou no Seminário em Vila Real, em 1950, saiu em 1962 e diz \" o Seminário ocupou quase toda a minha juventude, não se conta em duas palavras, foi demasiado tempo. E esse fica, deixa marcas vincadas como as negras batinas dos padres que por ali se moviam. Alguns poucos quase santos, outros, talvez a maior parte, mais que diabos\".
Desde pequeno que sempre disse que queria ser padre, e aos 10 anos, escola primária feita, já estava no Seminário. \" Enquanto andei no Seminário, meus pais, sabe Deus como, viram-se aflitos para suportar aquela despesa. Na agricultura ninguém tinha salário e todos os trimestres era necessário pagar. Quando não havia a quantia necessária, pedíamos dinheiro aos vizinhos ou vendíamos qualquer coisa\".
Foi ordenado em 1963, e foi colocado em Tourém, aí esteve oito anos.


Deixou a sua marca nesta terra, paredes meias com a Serra do Gerês e com a Espanha, mais com a Espanha que com Portugal. O seu meio de transporte, um cavalo, atendendo a que não havia estradas dignas desse nome, servia-lhe para ir de para as paróquias celebrar a missa. Em Tourém criou uma escola, iniciou cursos agrícolas, cursos de bordadura, requisitou leite, farinha, manteiga e óleo à Caritas, começou por dar as refeições confeccionadas na casa paroquial, onde vivia com uma irmã, já que se desse os alimentos, alguns vendiam-nos. O seu nome começou a ficar pelas aldeias, que percorria no seu cavalo, ia celebrar missa a Pitões das Júnias e Covelães. Ao fim de dois anos o seu meio de transporte muar foi substituído por uma motorizada. 
Deixou Tourém em 1971 e foi para Vilar de Perdizes, já lá vão 32 anos. Para além desta paróquia têm a seu cargo Mexide e Soutelinho da Raia. Todos os dias celebra missa em Vilar de Perdizes às oito e meia da manhã.
\"Mudei de local, não mudei de gente. Tourém ficou sem padre propus, com mais 12 párocos, uma forma rotativa de, um em cada mês, ir à aldeia celebrar aos Domingos a Eucaristia, para manter viva a paróquia\" e continua \"estou ao serviço das pessoas nos locais onde permaneço e caminho.

Nunca exigi nada em troca. Faço o que me pedem com generosidade e nunca me senti obrigado a nada. Faço parte da crença das gentes, por isso não marco a ferro a minha religião. Estou perto das pessoas, faço parte delas e tento aproximá-las da minha fé e mensagem que quero transmitir. Os inícios da vida de um padre marcam. Talvez a minha fosse diferente se tivesse ido para Roma quando acabei o Seminário. Nessa altura queria continuara a estudar e pedi ao bispo que me desse essa oportunidade. Ele na sua simpatia, chegou à conclusão que alguém iria para a capital italiana. Mas não eu. Escolheu alguém mais inteligente, mais estudioso e, como havia só lugar para um, fiquei em Barroso\".

De 1975 a 1980 frequentou a Faculdade de Letras da Universidade do Porto , inscrevendo-se em História. Terminado o curso um Professor convida-o para ficar a dar aulas de Etnografia no Porto, mas sempre rápido e decidido dá logo a resposta \" o Porto sem mim cresce e a a minha terra, sem mim, míngua\".
Feitas as apresentações, que dariam para escrever um vasto livro, e há livros sobre o Padre Fontes, encontramos este homem não na mesa do Congresso como se esperava, mas entre a multidão na assistência.
Procurado nos intervalos por todos os jornalistas, por todas as televisões, que nestes dias assentam praça, em Vilar de Perdizes. 

Reparo que o povo da aldeia, já não liga a estas tecnologias de carros de exteriores, com grandes parabólicas, emaranhados de fios, tripés muitas câmaras, repórteres em acção, olhando o relógio, à espera de entrarem nos directos nos telejornais. Já ninguém liga, pois já são 16 eventos (2002)e estão habituados. O padre António Fontes tem sempre tempo para a Comunicação Social, habituado a falar, comunicador por excelência, responde sem hesitar às inúmeras questões e começa por nos falar dos Congressos. 


Tem a palavra o Padre Fontes.
M. P.- Padre Fontes como e porquê nasceram estes Congressos de Medicina Popular?
A. F. - Os Congressos de medicina popular nasceram depois de ter registado, inventariado, escrito algumas coisas sobre medicina popular, num livro que escrevi e com o título de, \"Crenças e Tradições de Barroso\". Recolhi grande parte da matéria do livro que se baseava na magia, na superstição, nos curandeiros na aldeia de Tourém. Na década de 70, quando vim para Vilar de Perdizes, começaram a chegar médicos para todo o concelho de Montalegre, abriam-se as Casas do Povo, e esse valor cultural de uma medicina popular que sempre susteve este mundo, começou a cair nas práticas ditas científicas. Pensei na necessidade de chamar a atenção para o valor do que estava criado, das tradições, da cultura, das formas existentes de cura, e, em 1983, foi realizado o primeiro Congresso. Um êxito. As pessoas pediram repetição. Era uma ideia interessante, algo que não existia. No fundo, o primeiro Congresso foi uma reunião de pessoas com objectivos de discussão de determinados objectivos esquecidos no país. Aliado aos congressos existia a vontade de desenvolvimento da região. Como não havia alojamentos pedi às pessoas para oferecerem alojamento aos que vinham de fora . Para além do Congresso, sempre houve a intenção de mostrar a região e as suas potencialidades turísticas nas vertentes cultural, paisagística, gastronómica. Durante os congressos tentei organizar os restaurantes de forma a que servissem pratos regionais em função dos dias do evento. Nos congressos os congressistas vem exercer a medicina deles. A medicina popular é natural para a região e para o meio. Aqui em Vilar das Perdizes, há médico duas vezes por semana. Dizem as pessoas que não é para todas as doenças. Há males que não são do médico. Sei que o problema é criado pelos médicos, pois não ouvem as pessoas, não têm tempo. Talvez seja de tempo e atenção, algum carinho, que os pacientes necessitem.
M. P. Para o povo de Vilar, os congressos servem para divulgar a região e a terra. O senhor como dinamizador, conseguiu por esta via, meter a aldeia no nosso mapa, já que estamos numa região tão bonita, mas um pouco esquecida.
P. F. Este extremo norte de Portugal quase não existia. era Chaves, Montalegre e agora já se começa a ter um mapa mais detalhado. Já há mais caminhos, antigamente não havia caminhos. Não há auto estradas, ainda não conseguimos por no mapa das auto- estradas Vilar de Perdizes. O país real começa no Algarve e chega aqui, não é Porto, Lisboa e o resto é paisagem. Agora a paisagem começa aqui e quem quiser conhecer o país real, tem que sair do seu litoral e chegar aqui à montanha, aos pés do Larouco e descobrir, o encanto mágico atraente, cultural, paisagístico, social, religioso, que é Vilar de Perdizes.
M.P. O senhor é um defensor da sua terra, da sua região do seu povo, das suas origens. Considera-se um lutador?
P.F. Agora estou a querer fazer-me em arauto do mundo rural. Na medida em que ele está acabar, estou a pedir socorro e isto é uma espécie de injecção do mundo rural e das capacidades que o mundo rural tem. Não é apenas Vilar de Perdizes que pode ter isto. Qualquer aldeia do interior, do Minho, do Algarve, do Alentejo ou do Ribatejo pode ter a mesma coisa que aqui temos e sair do anonimato e pôr-se no mapa.
M. P. Mas não há muitos mais padres Fontes...
P. F.- Bem realmente isso tem alguns dessasosegos, alguma falta de privacidade, mas tudo isso é saudável quando alguém beneficia, sobretudo o mundo esquecido, e marginalizado, que hoje fala e tem voz, através da Comunicação Social, através da gente que aqui vem, e que, satisfaz uma curiosidade justa e agradável de descobrir o que é a erva natural , os valores, os cheiros e aromas das ervas do chás, descobri-las, usá-las e levá-las para casa e desintoxicar-se com o ar puro que aqui se respira, com a alimentação agradável que aqui é saborosíssima, com a água límpisima que aqui se bebe, com o ambiente sossegado de pessoas, tranquilas à procura do sagrado, do mítico, do religioso, à procura do naturista, e à procura também do ilusório, do mágico do supersticioso.
M. P. Que faz parte também da nossa vida e da nossa cultura
P:F.- A cultura portuguesa , celta um místico de Africo-Brasileiro e Nórdico e isso está na raiz e no sangue de todo o português.
M.P. Pensei encontrar o Padre Fontes na mesa do Congresso, dirigindo, organizando, conduzindo o evento que criou. Vejo-o porém na assistência, no meio das centenas de pessoas que assistem. A hierarquia da Igreja Católica, não vê com bons olhos esta sua envolvência?
P. F.- Bom disseram-me para não organizar e eu desorganizo. Não organizo, desorganizo. Isto é imparável. O dia está marcado, daqui a um ano é a mesma história. Não é preciso dizer a ninguém que venha. Até dissemos que não venham. Isto é demasiado pequeno para quem queira vir cá. Mas repare não é bem a Igreja é o Bispo de Vila Real, e um Bispo só, não é a Igreja.
M. P. E porquê?
P.F. Pela mistura do sagrado com o profano, do religioso com o mítico, do bruxedo com a Igreja e um padre nisto parece-lhe confuso, e há muita pessoa que se confunde. Mas é bom ver e é preciso desmontar confusões não só à Igreja mas também às pessoas, para verem onde está um charlatão e ficarem a saber quem é ele ou verem onde pode estar a verdade, para ficarem a saber. O que se passa nesta data não é mais que uma descentralização do religioso pela medicina natural. Assentamos ainda muito no sagrado que não é virado para nenhuma entidade específica. É voltada apenas para a Divindade Máxima que é a fé das pessoas num Deus criador e potencialhumano de toda a gente.
Tornou-se numa atracção nacional pelo facto de não haver quem pegue neste tema por receio de mexer com coisas do oculto, medo da vingança dos demónios, dos espíritos e dos bruxos e videntes, das ameaças que essas pessoas podem fazer quando não são tratadas com delicadeza e humanismo.
M. P. Mas desculpe-me é sabido que em tempos remotos eram os padres que praticavam o exorcismo. Ou ainda hoje se pratica.
P. F. O novo Bispo de Vila Real D. Joaquim, não encarou bem o meu envolvimento no Congresso. Talvez por impressões ou pressões de gente menos bem intencionada, viu na minha actividade uma mistura de sagrado e supersticioso. Tentei fazer ver que isso não corresponde á verdade.
Talvez, por não ter acreditado, pediu para me afastar da organização. Acedi ao seu pedido, embora participe no Congresso como um animador cultural e dou apoio às pessoas que aqui vêm. Mas o meu objectivo é o confronte de ideias, formas de estar, conhecimentos e tradições, que depois são postos em questão, em debate , em evidência.
O público que aqui vem já não é parvo, felizmente que vai havendo evolução no conhecimento e descoberta dos truques de quem tenta enganar as pessoas com poderes, que nem sempre correspondem á realidade, com dons que não têm. Se não houvesse congresso, o charlatanismo seria maior, estaria mais encoberto e a comunicação social vai alertando que nem tudo o que acontece no Congresso é para engolir. Digo-lhe ainda que Medicina é aquilo que nos cura, o que previne a nossa saúde. Popular é tudo o que é à base do não científico, do não erudito, do tradicional, do caseiro, do amadorístico, da natureza.
Contudo, há curandeiros que têm capacidade de curar. E não é por sugestão. Existe a cura pelas mãos, pelas palavras, pelos olhos, pelas massagens. Umas vezes melhor, outras vezes pior.
Sobre os exorcismos. Toda a gente faz exorcismos. Exorcismo é um palavrão, que traduz o que antigamente seria tirar o diabo do corpo. Isso era exclusivo dos padres. Havia um ritual próprio, mas acho que a igreja acabou com os exorcismos há alguns anos, embora existam padres que os façam. Actualmente, o pseudo-exorcista é feito por qualquer curandeiro, qualquer pessoa pelos meios que conhece, e outros por imitação dos padres.
No fundo não é fazer exorcismo. É uma farsa, uma representação entre o actor e o espectador. Eu não acredito em bruxas, nem em feitiços, nem sequer no diabo.
Não se pode ser padre numa região cheia de miséria e injustiça e ficar a olhar para o lado. É por isso que as gentes do Barroso nunca abandonaram o seu paganismo fundamental. O paganismo dava-lhes curas, mezinhas, vida comunitária, assistência na desgraça. E a igreja veio para aqui falar de cátedra, nunca entendeu estas gentes. Por isso nunca conseguiu fazê-las deixar de acreditar em bruxas e fantasmas. Eu farto-me de disser às pessoas que essas coisas não existem, estão dentro de nós, e até já me torneio conselheiro de muita gente que pensa que sou bruxo.
M.P.- Falemos destas terras, desta região que vão perdendo as pessoas. Houve por aqui muita emigração?
P.F.- Aqui foi das aldeias em que menos emigraram. Houve contrabando até 1992, quando acabou o contrabando com a abertura das fronteiras, houve emigração das pessoas para a Suíça, embora tivessem emigrado alguns para a Holanda, França, Alemanha, Brasil.
M.P. E não estão a regressar?
P.F. Alguns já vão vindo e eu estou a tentar criar o mito de Vilar de Perdizes para que eles voltem. É raro o emigrante que aqui não faça uma casa nova.
M.P. E quanto a juventude, tem muitas crianças.
P.F. Isso é que é pior. São dez crianças para quatro salas de aula.
M. P. Acredita que os Congressos não vão parar.
P.F. Acho que não, é impossível parar, parar é morrer. O mesmo é útil para quem vêm e, e faz \"esticar o país\" o país chega até aqui.
M.P. Mesmo que os telemóveis só apanhem a rede espanhola...
P.F. Sim mesmo apanhando a rede espanhola, estamos em Portugal
M. P. Não quer mandar uma mensagem para as suas gentes emigradas e que leiam este jornal?
P.F. Gosto que vivam na sua terra de origem e que deixem essas terras de escravatura, que embora lá se viva bem, o nosso país é sempre a nossa pátria, a nossa língua é sempre a nossa língua, as nossas tradições é sempre a nossa identidade e já se vive bem em Portugal.
MPortuguês, 2002-09-23
Fonte: www.diariodetrasosmontes.com

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SENHORA DA LAPA - SERNANCELHE - VISEU


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O Santuário da Senhora da Lapa fica em Sernancelhe que pertence à Diocese de Lamego mas ao Distrito de Viseu. Este Santuário granítico é já muito antigo, e alberga dentro um enorme penedo (Lapa) que reza a história foi encontrada após mais de 500 anos escondida na gruta onde as irmãs perseguidas a depositaram. A história toda está já a seguir. O curioso é que pela abertura do penedo, que diga-se é bastante estreito, diz-se passa o gordo e passa o magro, e parece que assim é com algum jeitinho na barriga. Passagens por aquí em 2008, 2009, 2011, e agora 2014. As fotos estáticas são de Março de 2008, o video You Tube de Março de 2014.

              HISTÓRIA:
A Lapa é uma terra de fé, um sítio de mistério natural e de alcance transcendal. De qualquer ponto que o circunstante lance o olhar, de perto ou de longe, encontra como ponto de contacto ou a torre da igreja ou um cruzeiro ou mesmo um dos quatro consagrados miradouros. Está a povoação situada quase no cimo da serra com o mesmo nome, a 915 metros de altitude. Localiza-se junto às nascentes do rio Vouga, na freguesia de Quintela, concelho de Sernancelhe, diocese de Lamego, distrito de Viseu.

Joana, a muda pastorinha de Quintela, nunca sonhara que a imagem da Srª da Lapa, a nena que guardava ciosamente na cestinha da merenda, fosse motivo para que à serra ou ao Santuário acolhessem milhares de romeiros, tantos que houvessem de a assustar. A história da Lapa inicia-se nos finais do século XV, mais propriamente no ano de 1498. Percebido o sinal miraculoso, os romeiros empreenderam a espontânea construção de uma capela. E a seguir uma proteção para os devotos que faziam a romaria à volta da gruta inserida no enorme fraguedo.

Isto da sua história passou-se assim: O célebre e hábil general mouro, Al-Mançor, pelo ano de 982, atravessou o Douro para a margem esquerda. Havendo destruído Lamego, progrediu para Trancoso. No trânsito arrasou o Convento de Arcas, onde martirizou muitas das religiosas. Atravessada a serra de Pêra, chegaram ao convento de Sisimiro, sito na actual Quinta das Lameiras, freguesia de Pinheiro, concelho de Aguiar da Beira. Parte das religiosas sofreram o martírio, outras escaparam levando consigo uma imagem de Nossa Senhora, procurando abrigo nos matos por onde se embrenharam. Acharam a gruta ou lapa, onde guardaram a dita imagem que ali resistiu à agrura dos séculos, durante uns 515 anos.

O penedo por onde passam os não pecadores
Em 1498, uma pastorinha chamada Joana, muda de nascença, da freguesia e lugar de Quintela, andando a guardar o gado de seus pais, lembrou-se um dia de entrar ali na gruta e encontrou a santa imagem que meteu na cesta onde guardava as maçarocas e a merenda. A imagem era de pequena dimensão, mas muito formosa. E a pastorinha guardou-a e enfeitava-a como podia e sabia, com as mais lindas flores que topava nos campos ou no monte. Ao voltar a casa, no fim do dia, cuidava da roupa da imagem. As ovelhas, apesar de fartas e nédias, eram apresentadas quase sempre nos mesmos lugares, o que motivou acusações por parte de outrem à mãe de Joana. Tudo isto e as teimosias da filha a fizeram enervar e, sem mais, tirou-lhe a imagem, que teve por uma vulgar nena ou boneca, e atirou-a ao lume. A menina, transida de pavor, gritou; “Tá! Minha Mãe! É Nossa Senhora! Ai! Que fez?”. A fala começou a prender irreversivelmente a mocinha pastora e a mãe ficou com o braço paralizado, transe de que se curou com a oração de ambas.
A imagem foi levada para a Lapa, sob a orientação do percurso por Joana e todos a acompanharam. Porém, tal não terá sucedido sem que antes o cura de Quintela houvesse tentado a entronização da veneranda imagem no interior da Igreja Paroquial, donde a mesma imagem desaparecia de modo insólito. Para abrigo da imagem de Nossa Senhora e para resguardo temporário dos fieis, sobretudo na época de maior afluência destes, foi construído um Oratório e levantadas algumas barracas. O Oratório e barracas adjacentes estavam sob a jurisdição do reitor da Vila da Rua.
 Foi este o princípio da localidade de Lapa, onde por força destas circunstâncias começaram a edificar-se as principais habitações e bem assim as subsequentes, o que transformou um lugar inóspito num aglomerado que logrou alcançar numa certa projecção e que hoje mantém a atmosfera de mística espiritualidade e de estranha grandeza. Entretanto, como a Companhia de Jesus se instalasse em Portugal e gozasse de gerais simpatias, foi permitido aos Jesuítas, a título transitório, que dirigissem o culto da Lapa, auxiliando os fieis e atendendo-os de confissão. Porém, no ano de 1575, o padroado da Abadia de Vila da Rua passa a jurisdição e posse da Coroa Portuguesa, com o curato de Quintela que lhe estava adstrito e em cujo limite se encontrava a Ermida da Senhora da Lapa.
Em 1576, sob autorização do Papa Gregório XIII, D. Sebastião, deu a Igreja da Rua, com metade dos seus réditos, ao Colégio de Jesus, que os Jesuítas fundaram em 1542 e possuíam em Coimbra, ficando-lhes a pertencer tamcbém o Oratório da Lapa. Efectivamente, D. João III tinha-lhes entregue o Colégio das Artes, com a promessa de um dote, para côngrua sustentação, promessa que não satisfez na totalidade, cabendo o ónus do cumprimento ao seu sucessor. Vindo estabelecer-se na Lapa, os Jesuítas dão corpo, com o auxílio de particulares, à edificação do Santuário e do Colégio, obras iniciadas no século XVI.
Dentro da Igreja, ou melhor junto dela mandou levantar, em 1586, Pedro do Sovral, Senhor do Morgado de Sernancelhe, a actual capela do Santíssimo Sacramento, para abrigo do túmulo de família. Antes de ter a função hodierna e de albergar aquele altar de boa talha joaninha, serviu de sacristia.
O Colégio, junto ao Santuário, começou nos finais do século XVII, mais exactamente em 1685 e ficou sempre obra não acabada. O complexo religioso e escolar afirma-se progressivamente como um prestigiado e prestigiante santuário de peregrinação nacional e um notável pólo de de aquisição e consolidação de cultura. O colégio locupleta-se de escolares. E a Senhora da Lapa impõe-se como um centro de irradiação do culto à Virgem e como fermento de mais povoações, cidades, dioceses e santuários um pouco por todo o mundo, sobretudo pelas inúmeras estâncias por que andarilharam os padres jesuítas.
Fonte: (Texto) Abílio Louro de Carvalho

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